Rio Grande do Sul

DITADURA NUNCA MAIS

Centenas de pessoas descomemoram o golpe de 64 em ato na Assembleia Legislativa gaúcha

No evento também foi lembrado o assassinato do ten-cel aviador Alfeu de Alcântara Monteiro, primeira vítima do golpe

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Militantes e lideranças descomemoram o gope de 1964 na Assembleia Legislativa do RS - Foto: Walmaro Paz

Centenas de pessoas lotaram o Plenarinho na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul na noite de quinta-feira (4) para o ato de descomemoração do golpe e 1964. O evento que iniciou as 18h, com uma performance do grupo teatral Ói Nóis Aqui Traveis sobre os desaparecidos durante os anos de chumbo da história brasileira, teve apresentação de músicas e poesias pelos cantores João de Almeida Neto, Demetrio Xavier e Tânia Farias e do Hino Nacional interpretado por Cláudia Quadros.

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A mesa foi presidida pelo presidente Associação de Ex-Presos e Perseguidos Politicos (AEPPP), Sérgio Bittencourt, e teve a presença do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, do Conselho Estadual de Direitos Humanos, de representantes de todos os partidos políticos de esquerda (PT, PCdoB, PSOL, PDT, PSB), além do neto do ex-presidente João Goulart, Christopher Goulart.

Papel do movimento estudantil

A primeira fala, depois do show de abertura, foi do dirigente nacional do PCdoB, Aldo Arantes. Ele lembrou a história dos golpes no Brasil desde Getúlio Vargas em 1954 até o do dia 8 de janeiro de 2023. Arantes lembrou que em 1961 era presidente da União Nacional de Estudantes (UNE) e transferiu a sede da entidade para o Rio Grande o Sul, onde, ao lado do governador Leonel Brizola, participou da Rede da Legalidade, marco da resistência democrática.

Segundo Arantes, o movimento estudantil e a juventude foram a espinha dorsal da resistência ao golpe naquele momento da história. “Não havia outros movimentos sociais organizados, por isso a importância dos estudantes”, afirmou.

Assassinato do tenente-coronel pela ditadura

No evento também foi lembrado o assassinato do tenente-coronel aviador Alfeu de Alcântara Monteiro, no dia 4 de abril de 1964, e homenageado seu neto Alfeu D’Alcantara Monteiro, que é pré-candidato a vereador da cidade de Canoas. Quando da renúncia de Jânio Quadros, em 1961, os ministros militares determinaram, então, que os aviões da 5ª Zona Aérea, com base em Canoas, bombardeassem o Palácio Piratini, para submeter Brizola e os que o apoiavam. Nessa hora, agigantou-se a postura legalista do tenente-coronel e a coragem democrática dos suboficiais e dos sargentos da Base Aérea de Canoas.

Diante da ordem dos ministros militares de bombardear o Palácio Piratini – acatada pelo comandante da Base Aérea de Canoas, Cel. Aviador Honório Pinto Magalhães, e pela maioria dos oficiais aviadores –, os suboficiais e sargentos, alertados pelo capitão legalista Alfredo Ribeiro Daudt, se rebelaram, esvaziaram os pneus dos aviões, desligaram o sistema de acionamento dos canhões e das bombas e confrontaram os oficiais golpistas.

Com a fuga do comandante golpista, o tenente-coronel aviador Alfeu de Alcântara Monteiro assumiu comando e dirigiu a resistência da 5ª Zona Aérea ao golpe. Em 1964, tomou novamente uma posição legalista e foi assassinado com uma rajada de 16 tiros de metralhadora pelas costas, disparados pelo coronel-aviador Roberto Hipólito da Costa, sobrinho do ditador de plantão general Humberto de Alencar Castelo Branco.

O ato foi transmitido pelo TV Assembleia. Assista:


Edição: Marcelo Ferreira