Rio Grande do Sul

EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

Depois de golpear o Interior, inundação atinge em cheio a Grande Porto Alegre

Atenções se voltam para cidades mais conflagradas como Canoas, São Leopoldo, Eldorado do Sul e Guaíba

Brasil de Fato | Porto Alegre |
É a maior cheia da história do Vale do Rio dos Sinos - Foto: Ascom Prefeitura Municipal

Após um primeiro momento quando a devastação atingiu regiões 100 quilômetros distantes, como o Vale do rio Pardo, os rios Jacuí, Sinos, Gravataí, Caí e outros trouxeram o caos para a Região Metropolitana de Porto Alegre. Embora a chuva tenha amainado ou cessado neste sábado na Capital (4), o crescente volume das águas sitiou bairros ou cidades inteiras. Mais atingidos são os municípios de Eldorado do Sul, Canoas e Guaíba.

:: Nível do Guaíba chega a 5m e ultrapassa o registro de 1941 ::

“Temos bairros que submergiram. Canoas foi muito atingida pela enchente e estamos com esforços concentrados neste município, Eldorado do Sul e Guaíba”, disse hoje (4) o governador Eduardo Leite (PSDB). “É muita água que está vindo e por isso peço para que busquem lugares altos” enfatizou.

Em Eldorado do Sul, na BR-290, distante 49 km da Capital, não há mais acesso à cidade por rodovia. O mesmo acontece em Guaíba (31 km) e Barra do Ribeiro (61 km).

O prefeito Ary Vanazzi, de São Leopoldo (33 km) apelou para que os moradores dos bairros mais ameaçados saiam imediatamente de suas casas e procurem os locais de abrigo determinados pela prefeitura. Na cidade, um dique que faz a contenção do caudal do rio dos Sinos extravasou na manhã deste sábado.

Em Canoas (20 km), junto à Capital, com 350 mil habitantes, vilas e bairros estão submersos. Os mais afetados são Fátima, Niterói, Rio Branco, Mato Grande, Harmonia, Cinco Colônias e São Luis.

São Leopoldo já tem 100 mil pessoas afetadas pelas enchentes

Em live realizada na manhã de sábado (4), o prefeito Ary Vanazzi anunciou novas orientações para a população leopoldense em meio à histórica enchente que atinge a cidade. De acordo com Vanazzi, São Leopoldo já tem 100 mil pessoas afetadas pelas enchentes, com águas do Rio dos Sinos invadindo suas ruas. Para essas pessoas, é fundamental que saiam de suas residências e busquem os abrigos com disponibilidade de recebimento de pessoas.

“Quem está com água na rua e nas calçadas, busque os albergues ou casas de amigos e parentes que estejam em regiões seguras, pois a água vai subir e à noite o resgate é muito mais difícil”, alertou o prefeito.

Sobre o nível do Rio dos Sinos, Vanazzi informou que a diminuição no ritmo de elevação se dá principalmente porque a água está invadindo os bairros. Ou seja, não se trata de um recuo nas cheias. "A boa notícia é que em Campo Bom o nível efetivamente estabilizou, o que indica que amanhã, ao longo do dia, o mesmo deve ocorrer em São Leopoldo."

“Hoje liguei para o governador solicitando o apoio com helicópteros e mais equipamentos para o Corpo de Bombeiros, para auxiliar nos resgates. Infelizmente não temos tantos recursos para esse tipo de operação, então é de extrema importância que a população siga as orientações, para que não haja a necessidade de resgates”, reforçou Vanazzi.

Eldorado do Sul tem 10 mil pessoas desalojadas

Em Eldorado do Sul cerca de 25 mil de seus 39 mil habitantes sofreram com as inundações. O número de desalojados na sexta à noite (3) era de 10 mil pessoas. No sábado pela manhã, dezenas de famílias ocupavam o prédio do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor, na Estrada do Conde, no bairro Sans Souci à espera de resgate.

A Defesa Civil municipal aguarda a chegada de barcos a motor e helicópteros, pois os botes não tem mais condições de navegabilidade. Os locais mais afetados foram Cidade Verde, Vila da Paz, Picada Parque Eldorado, Bom Retiro, Sans Souci, Assentamento Irga, Chácara e Guaíba City. 

Em Canoas a água continua a subir

Com alagamentos desde sexta-feira (3), na manhã deste sábado (4) a água continuava subindo em Canoas apesar de ter parado a chuva. No bairro Harmonia as casas estavam submersas e dezenas de pessoas aguardavam o resgate em cima dos telhados. Muitas famílias continuavam ilhadas e havia poucos barcos para realizar o resgate.

No complexo da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) mais de mil pessoas procuraram abrigo. São moradores dos bairros Cinco Colônias Fátima, Harmonia, Mathias Velho, Mato Grande, Rio Branco e São Luís que deixaram suas casas. Eles vieram em carros particulares, veículos da polícia, bombeiros e do Exército. A estimativa da prefeitura é de que 50 mil pessoas deixaram suas casas.

Além da Ulbra os locais de acolhimento em Canoas são a EMEF Carlos Drummond: Rua 06, 400 - Setor 5, quadra X – Guajuviras; CAIC Guajuviras: Avenida Dezessete de Abril, 241 – Guajuviras; Centro Social Urbano São José: Rua João Leivas de Carvalho, 541 - São José e EMEF Irmão Pedro: Rua Dr. Olávo Fernandes, 68 - Estância Velha.

Esteio tem 2 mil pessoas desalojadas

Segundo a prefeitura de Esteio, 2 mil pessoas estão desalojadas. A situação tende a piorar porque além do transbordamento dos arroios, em Esteio e Sapucaia do Sul o Rio dos Sinos segue elevando suas águas, funcionando como uma barragem.

Novo Hamburgo tem 1,5 mil desabrigados somente na Fenac

Em Novo Hamburgo, os bairros Canudos e Santo Afonso seguem sendo os mais afetados. Somente na Fenac, são cerca de 1,5 mil desabrigados.

Na Vila Palmeira, no bairro Santo Afonso, há moradores ilhados. Segundo Diogo Leuck, que atua como voluntário junto à Defesa Civil da cidade, a situação se agravou na madrugada e alguns moradores do bairro estariam em cima de telhados aguardando resgate.


Edição: Katia Marko