Rio Grande do Sul

Soberania alimentar

Em Santa Maria, sistema participativo fomenta aliança entre a cidade e o campo

Com envolvimento de camponeses e urbanos, "sementes" são fortalecidas e um novo modelo de relação é "plantado"

Brasil de Fato | Santa Maria (RS) |
Aliança entre camponeses e urbanos fomenta a soberania alimentar e o poder popular - Divulgação

No dia 16 de maio foi colocada em operação em Santa Maria (RS) um sistema participativo que mobiliza a população urbana em apoio às iniciativas de agroecologia desenvolvidas por camponeses e camponesas. Trata-se de uma ação que atende pela sigla CSA, que significa “Comunidade que Sustenta a Agricultura”.

Fazem parte do sistema duas iniciativas que congregam produtores agroecológicos: a FlorESer Agroecológico, do município de Paraíso do Sul, vinculada ao Movimento dos Pequenos Agricultore (MPA), e o Grupo de Agroecologia Guandu, localizado no assentamento Carlos Marighella, em Santa Maria. A ação acontece de modo articulado com um grupo de 20 famílias urbanas que compreenderam a importância de estreitar as relações entre campo e cidade no enfrentamento à crise socioeconômica a que todos estão expostos.

A CSA é um sistema participativo, que já existe a um tempo, onde a comunidade (povo da cidade) financia a produção agroecológica estabelecendo um vínculo de confiança entre agricultores/as e coagricultores/as. Com autonomia e organização, os camponeses e as camponesas produzem alimentos agroecológicos e organizam entregas semanais de cestas aos membros, assim como encontros formativos, trocas e debates internos em torno das questões sociais, ambientais e econômica que permeiam a agricultura.

"No último sábado fizemos nossa primeira entrega das cestas, tomando todos os cuidados necessários de higiene e proteção, conforme as normativas propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e os decretos local e estadual", comenta Rosiele Ludke, que integra o coletivo FlorESer Agroecológico. “Em tempos de pandemia, entendemos que construir espaços e redes de solidariedade e apoio mútuo entre os povos do campo e da cidade é garantir, minimamente, a sobrevivência desses povos e garantir o acesso a uma alimentação saudável a todos e todas”, acrescenta.

"Nós do Grupo de Agroecologia Guandu estamos agradecidos pela confiança e disponibilidade que esse novo grupo tem sobre o nosso trabalho e estamos felizes de poder participar dessa história", afirma Eduardo Moreira. “Partimos dos princípios de cooperação, solidariedade entre os de baixo, auto associação e auto gestão para construir mundos mais justos, ecológicos e que respeitem a vida”, acrescenta.

Os envolvidos, sejam camponeses ou urbanos, acreditam no potencial que a CSA tem para fortalecer esse processo, buscando desenvolver uma transição agroecológica no campo e na cidade. “Com humildade, calma e responsabilidade, esperamos que essa experiência possa, no futuro, ser semente que voa pelo vento espalhando novos frutos”, afirmam conjuntamente Eduardo e Rosiele.

Com informações do Grupo de Agroecologia Guandu e FlorESer Agroecológico

Edição: Marcelo Ferreira