Rio Grande do Sul

Humor

GRAFAR lança a sexta edição do jornal de humor Grifo

A nova edição do Grifo chega reafirmando sua posição contra o negacionismo, a truculência e a depenação do Estado

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Entre os colaboradores estão artistas e jornalistas de todo o país - Divulgação

O jornal de humor Grifo segue a tradição humana de satirizar e não dar sossego para líderes obscurantistas, genocidas e com tendências autoritaristas. É possível que algumas pinturas rupestres não sejam tentativas místicas de conseguir uma boa caçada ou celebrar a caçada anterior. Talvez algumas sejam charges de um artista denunciando a incompetência do líder tribal com piadas que não percebemos por não termos a referência. Essa tradição ficou fortalecida com o surgimento da imprensa e ajudou a derrubar o obscurantismo da Europa medieval. 

Grifo é o nome de uma ferramenta usada para apertar porcas e canos, que poderia ser útil para apertar os parafusos das cabeças negacionistas, mas o grifo que nomeia o jornal é o ser mitológico presente em diversas culturas antigas do oriente e do ocidente. Esse grifo era associado à justiça, à luz e ao ciclo de morte e renascimento, o jornal é associado à justiça social, à luz da ciência e ao renascimento da democracia brasileira.


A cada edição um dos desenhistas participantes é solicitado a fazer a sua versão dessa figura mitológica que foi escolhida como símbolo da publicação / Arte: Eugênio Neves

Criado pela GRAFAR - Grafistas Associados do Rio Grande do Sul, entre os colaboradores estão artistas e jornalistas de todo o país que lutaram pelo renascimento da nossa democracia durante a ditadura dos anos 60, 70 e 80 e agora se juntam a gerações mais novas que nunca acharam que teriam que travar essa batalha. 

De todas as ficções futuristas, distópicas ou não, nenhuma delas cogitou que em 2021 teríamos movimento terraplanista e movimento antivacina. Ninguém imaginou que ainda seria necessário dizer coisas como “Vidas negras importam”, “Lugar de mulher é onde ela quiser”, “Ninguém vai voltar pro armário”. Nem o maior pessimista das décadas passadas poderia aventar a hipótese de, em pleno 2018, alguém como Jair Bolsonaro ser eleito, principalmente pela sexta maior população do planeta.

É por isso que esse jornal de humor surge. O Grifo se junta a outras vozes e reafirma, edição após edição, que nós temos lado, que iremos sempre enfrentar as trevas do negacionismo e da sanha de depenar o Estado deixando o povo na precariedade para o enriquecimento de meia dúzia. Denunciamos a política genocida de Bolsonaro na gestão da pandemia e seu objetivo nefasto.

Os idosos de hoje são os jovens que a ditadura não matou. Mas os jovens do Grifo, tanto os antigos quanto os novos, não irão se calar. Quem enfrentou Médici não baixa a cabeça para Bolsonaro.

A nova edição do Grifo chega reafirmando nossa posição contra o negacionismo, a truculência e a depenação do Estado. Lula foi declarado elegível, Bolsonaro descobriu que a terra não é plana, Moro foi julgado com provas e nós tratamos dos efeitos disso no cenário político.

Otto Guerra define o sentimento geral com o governo e fala sobre seus filmes em uma entrevista exclusiva. Nossas canetas usam humor para denunciar o, até aqui, mês mais letal do sadismo bolsonarista. Leite e Melo trocam de opinião como o presidente troca de ministro e o presidente segue sua façanha de trocar ministros péssimos por outros inverossimilmente piores.

Achou confuso? Leia a 6ª edição do Grifo, ria apesar da raiva e desespero que o governo nos inflige, e entenda tudo. Ou quase.


Capa da 6ª edição do Grifo traz charge de Santiago e Schröder / Divulgação

 

Edição: Katia Marko