Rio Grande do Sul

45ª EXPOINTER

Movimentos da Via Campesina marcam presença no Pavilhão da Agricultura Familiar em Esteio

Apesar da crise econômica, bancas notaram grande circulação de público e entusiasmo com variedade de produtos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Pavilhão da Agricultura Familiar na 45ª Expointer apresentou visitação recorde para os primeiros dias - Foto: Jorge Leão

O Pavilhão da Agricultura Familiar é um dos espaços mais tradicionais da Expointer. No final de semana (27 e 28) de abertura da 45ª edição da Feira, cerca de 218 mil pessoas circularam pelo Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, sendo a parte destinada aos pequenos agricultores uma das mais procuradas. O evento segue até o dia 4 de setembro, com os portões abertos das 8h às 20h30.

Segundo dados da comunicação da Expointer, o Pavilhão da Agricultura Familiar comercializou cerca de R$ 760 mil só no sábado, entre o faturamento das agroindústrias (R$ 604 mil), cozinhas (R$ 45 mil) e artesanato, plantas e flores (R$ 112 mil). Estes valores representam um acréscimo de aproximadamente 72% em relação ao primeiro dia da feira de 2019, último ano de realização totalmente presencial, visto que em 2020 e 2021 a visitação do público foi duramente afetada pela pandemia.

Presença na Feira para dialogar com a sociedade

Para Djones Zucolotto, da Cooperativa Terra Livre, ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), estar presente no Pavilhão da Agricultura Familiar é muito importante para fazer o diálogo com a sociedade. Avalia também que este contato está sendo positivo.

"Nós da Via Campesina, em especial o MST, sempre lutamos pela reforma agrária popular, ou seja ,nossa luta é além da conquista da terra. Nós produzimos alimentos para a população. Esse é o principal acúmulo que estamos tendo, divulgando os alimentos saudáveis produzidos por mais de 2 mil famílias assentadas, vinculadas às cooperativas", relata.


Povos indígenas do RS estão entre os expositores de artesanato que marcam presença no Pavilhão da Agricultura Familiar / Foto: Jorge Leão

Djones representa a Via Campesina na comissão organizadora do Pavilhão e explica que, este ano, são cerca de 330 expositores, entre pequenos agricultores, assentados, povos indígenas e quilombolas. Destaca ainda que, entre estes expositores, estão representadas cerca de 260 agroindústrias, além de mais de 50 bancas de artesanato e 17 expondo flores.

"A Via Campesina está participando em oito bancas, expondo diversos produtos das cooperativas dos nossos assentamentos do RS, como o arroz orgânico, sementes agroecológicas, salame, banha de porco, queijos, iogurtes, sucos feitos na hora, caldo de cana, além da nossa cozinha fazendo o arroz carreteiro da reforma agrária para os visitantes", explica Djones.


Além dos produtos da agricultura familiar, Pavilhão tem espaço onde o público pode fazer refeições. Carreteiro é feito com arroz agroecológico / Divulgação

Espaço de resistência

Lara Rodrigues, por sua vez, está trabalhando na banca da cooperativa produtora de sementes agroecológicas Bionatur. Ela ressalta que existe um local especial para a produção orgânica, dentro do Pavilhão da Agricultura Familiar, onde está instalada a Bionatur, com suas 26 variedades de sementes. Destaca a boa procura pelas sementes orgânicas da cooperativa, presente há muitas edições na Expointer.

Produtos orgânicos têm um local especial dentro do Pavilhão da Agricultura Familiar. Sementes agroecológicas são uma das atrações / Divulgação

"Teve um movimento recorde. Na abertura, no sábado (27), 90 mil pessoas passaram pelo Parque. No domingo (28), mais 64 mil pessoas. Aqui na parte da Agricultura Familiar, a circulação é muito grande, temos uma variedade imensa de produtos", relata Lara.

Apesar de avaliar que o número de visitantes no Pavilhão é bom, as vendas seguem "satisfatórias". Afirma que é perceptível a grande atração dos produtos sobre o público, porém, acredita que as vendas, esse ano, devem reservar números menores, em comparação com edições anteriores do Pavilhão, devido aos efeitos da crise econômica que tende a diminuir o poder de compra dos visitantes.


Apesar do poder de compra do público estar reduzido, expositores avaliam que circulação de público na Feira é positiva / Foto: Jorge Leão

Também relata que esses efeitos são sentidos pelos produtores rurais, que viram encarecer preços de insumos, principalmente dos combustíveis.

"Apesar do poder de compra do povo gaúcho estar um pouco abalado, as pessoas apreciam a Feira, é um espaço muito bonito onde se pode ver o potencial e o tamanho da Agricultura Familiar e suas agroindústrias. Estamos aqui na resistência", destaca Lara.


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Edição: Katia Marko