Rio Grande do Sul

"Queimados Vivos"

Pais das vítimas da boate Kiss dizem que vídeo de Bibo Nunes é “uma barbárie”

Associação de parentes de vítimas afirma que palavras de bolsonarista “ferem a toda a humanidade de uma nação”

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Deputado federal do PL/RS disse que os estudantes da Universidade Federal de Santa Maria deveriam ser “queimados vivos” - Reprodução

Os pais, mães e familiares dos jovens que morreram no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS), afirmaram hoje (21) que o deputado federal bolsonarista Bibo Nunes (PL/RS) demonstrou "total desconsideração pela memória e história da cidade" ao afirmar que os estudantes da Universidade Federal de Santa Maria deveriam ser “queimados vivos”.

“Violentando o nosso luto”

“Mais de 100 estudantes da mesma universidade faleceram no incêndio”, lembra a nota de repúdio da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). Para os pais, mães e parentes, o parlamentar “demonstrou, também, não sentir absolutamente nada pelas nossas perdas, violentando nosso luto e indo na contramão do nosso propósito, que é lutar em prol da vida e segurança de todos”.

“A juventude de Santa Maria é marcada pelas cicatrizes da tragédia e ainda busca formas de viver e lidar com as consequências traumáticas da nossa história”, enfatiza o texto. “As ofensas à vida proferidas pelo deputado são uma barbárie e ferem a toda humanidade de uma nação.”

Desculpas recusadas

Adiante, ressalta que “jamais aceitaremos a naturalização da insanidade, da violência e da desumanidade. Não aceitamos a desculpa de 'mal entendido' de quem proferiu as frases que disse, na íntegra, e que faz do uso da palavra sua profissão”.

“Promover ódio é desonrar a memória das vítimas e sobreviventes, que muitos naqueles momentos torturantes e de desespero do incêndio na Kiss não se detiveram e voltaram para salvar amigos. A esses jovens heróis não podemos aceitar a covardia da desumanização pela palavra, pois, palavras como tais proferidas resultam em novas tragédias”, reforça a nota assinada pelo presidente da associação, Gabriel Rovadoschi Barros, ele mesmo um dos sobreviventes do incêndio.

“De onde vem tanto ódio?”

“Nem sei o que dizer. Dói estômago, dói coração. De onde vem tanto ódio?”, foi a reação e a indagação da jornalista Andréa Hilgert, que tem uma filha estudando na universidade do centro do estado. 

“Bibo Nunes não estudou? Não teve filhos?”, questiona. “Conheço histórias incríveis de famílias inteiras que se mudaram para Santa Maria, mudaram de emprego, tudo para apoiar filhos que entraram na UFSM”, completa.


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Edição: Marcelo Ferreira