Rio Grande do Sul

PACIFICAÇÃO

Entidades e movimentos sociais lançam Movimento pela Paz em atividade na Assembleia gaúcha

Documento chama a atenção para o perigo do conflito na Ucrânia transformar-se em uma 3ª Guerra Mundial

Brasl de Fato | Porto Alegre |
Debatedores falam sobre Guerra na Ucrância e as possíveis consequências catastróficas para toda a humanidade - Divugaçao

O Movimento pela Paz foi lançado nesta segunda-feira (4) no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, após a mesa redonda "Ucrânia: paz ou 3ª Guerra Mundial?". Após o debate, foi apresentado o documento do movimento, que se transformará em abaixo-assinado e começa defendendo que, nos dias de hoje, a conscientização e a mobilização pela paz "são mais urgentes do que em outras épocas".

O debate foi mediado pelo vereador de Porto Alegre Pedro Ruas (PSOL) e teve a participação do escritor e ex-governador Tarso Genro (Instituto Novos Paradigmas), do historiador Raul Carrion (Fundação Maurício Grabois e CEBRAPAZ), da historiadora Bernadete Menezes (Executiva Nacional do PSOL) e do historiador Paulo Visentini (Ufrgs).

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Cada um deles falou durante 15 minutos expondo seus pontos de vista sobre a guerra na Ucrânia, entre a Otan e a Rússia, e a possibilidade do conflito transformar-se em uma 3ª Guerra Mundial de consequências catastróficas para toda a humanidade.

Em seguida falaram, durante três minutos, representantes das entidades organizadoras expressando seu apoio ao lançamento do Movimento pela Paz. O evento foi promovido por: Cebrapaz, Fundação Mauricio Grabois, Fundação João Mangabeira, Instituto Novos Paradigmas, Memorial Luiz Carlos Prestes, Associação Cultural José Marti, Associação de Amizade Brasil-Vietnã, ADJC, CTB, CUT, Intersindical, UGT, Força Sindical, CPERS, SINTERGS, ASSUFRGS, MST, CONAM, UNE, UBES, UEE, UGES e UMESPA.

A atividade teve transmissão online pela TV Grabois e parceiros. Assista:

 

Confira o documento

MOVIMENTO PELA PAZ, 2023

A conscientização e a mobilização pela Paz, hoje, são mais urgentes do que em outras épocas. Por quê? Porque a guerra travada na Ucrânia é resultado de um acúmulo de crises estruturais e mudanças sistêmicas, que podem evoluir facilmente para uma III Guerra Mundial. Esse quadro se complica ainda mais pela ausência de lideranças experientes no Ocidente, governado pela geração de jovens millenials, que não viveram a destruição, o sofrimento, as perdas e a fome da última Guerra Mundial. Conhecem a guerra pela televisão, travada em países distantes e pobres e não imaginam as perigosas consequências de suas decisões.

As potências dominantes se acostumaram, após a Guerra Fria, a impor sanções e intimidar nações fracas. Mas uma potência nuclear e membro do Conselho de Segurança da ONU não se intimidou, criando um impasse que serviu de catalizador para a mobilização de nações periféricas, especialmente na África e no Oriente Médio. O mapa do mundo mudou em apenas alguns meses e gerou uma situação impensável, levando até personalidades conservadoras realistas como Kissinger e Mearsheimer a criticar uma radicalização aventureira de resultados imprevisíveis.

Na II Guerra Mundial três países de porte médio (Eixo) enfrentaram três mega-Estados (EUA, URSS e China) e o maior império Colonial (britânico), a um custo de 60 milhões de mortos (metade russos e ucranianos), uma destruição colossal e o nazismo (que ressurge) provocou o genocídio judaico. O que esperar, então, de uma III Guerra que envolvesse EUA/OTAN, Rússia e China, agora também travada no Oriente Médio e na África? Há muitos estudos de como as guerras iniciam, mas poucos de como se encerram. Geralmente elas escapam do controle, como uma queimada em campo seco.

O momento para a Paz é oportuno, pois há uma estagnação militar e um acúmulo de novas tensões militares e econômicas globais, que ultrapassaram os riscos calculados. Mas não basta apenas existirem condições objetivas, é necessário a ação consciente de grandes contingentes humanos para convencer os dirigentes do óbvio: que a Guerra só pode ser vencida pela Paz. Chegou a hora de recolher as armas e negociar o mundo de amanhã. A II Guerra foi desencadeada por erros de cálculo locais, que a tornaram Mundial, algo que não pode se repetir, pois o resultado não seria apenas duas bombas atômicas, jogadas pelos EUA sobre o Japão; hoje há várias potências nucleares! E o mundo atual está urbanizado, o que multiplicaria a destruição exponencialmente. Toda a humanidade perderia, podendo perecer junto com a natureza e a vida...


Edição: Marcelo Ferreira