Rio Grande do Sul

ARTIGO

Lei no Maranhão é incentivo a crimes, um atentado à democracia

'A iniciativa facilita o roubo de terras, isto é, enseja uma apropriação indevida', alerta repórter da Agência Tambor

Brasil de Fato | Porto Alegre |
O Maranhão é o estado que mais desmatou o cerrado em 2023, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - Foto: reprodução

O Maranhão vive hoje um problema gravíssimo, com interesses que extrapolam e muito suas fronteiras.

Trata-se de uma nova Lei estadual que, na prática, liquida com parte significativa do Cerrado brasileiro.  

O drama foi detalhado em recente editorial da Agência Tambor, veículo de comunicação da cidade de São Luís, a capital maranhense.

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O Cerrado é considerado a caixa d`água do Brasil. Ele abastece um total de oito bacias hidrográficas, abrigando o berço de vários e importantes rios brasileiros.

A nova Legislação (Lei n. 12.169) é também apontada como um caso de racismo legislativo, pois prejudica uma quantidade imensa de comunidades quilombolas.

A Lei maranhense facilita e estimula a violência e a grilagem do agronegócio, escancarando a possibilidade de degradação ambiental.  

A Lei foi sancionada no dia 19 de dezembro do ano passado. E hoje existem várias organizações exigindo que Carlos Brandão (PSB), o governador do estado, faça uma revogação.

A Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) Regional Nordeste 5 está entre as entidades que não aceitam a nova legislação e querem a sua revogação. Na avaliação da entidade católica, "a Lei causa enormes e evidentes prejuízos sociais e ambientais".

Tida como uma evidente inconstitucionalidade, a Lei foi questionada judicialmente.

O PCdoB entrou com ação na Justiça do Maranhão e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) entrou com outra ação no Supremo Tribunal Federal.  

Caso não ocorra a revogação, o objetivo é evidenciar a inconstitucionalidade.

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O governo federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, também publicou uma nota no dia 29 de dezembro, manifestando preocupação quanto a esta Lei Estadual.

O texto vindo de Brasília afirma que a Lei de Terras do Maranhão tem “potencial de acirramento de conflitos agrários, notadamente no que diz respeito às disputas territoriais envolvendo povos e comunidades tradicionais”.

A Associação Brasileira de Rádios Comunitárias no Maranhão (Abraço-MA) também manifestou, na última quinta-feira (18), interesse em participar de uma campanha para denunciar esta Lei da Grilagem.

Veja o editorial da Agência Tambor.

* Jornalista da Agência Tambor.

* Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.


Edição: Katia Marko