Rio Grande do Sul

LENTIDÃO DO ESTADO

Mais de dois meses após temporal, escola em Porto Alegre permanece com telhado interditado

Governo Leite afirma que houve problemas na licitação da obra; comunidade escolar se preocupa com sua segurança

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Martins Costa Jr está parcialmente destalhada desde temporal registrado em janeiro deste ano - Foto: Christofer Dalla Lana

A situação de emergência da Escola Estadual de Ensino Fundamental (E.E.E.F) Dr. Martins Costa Jr, no bairro Partenon, em Porto Alegre, voltou a ser abordada em encontro realizado na manhã desta quarta-feira (27), durante vistoria à instituição de ensino.

:: Sindicato cobra reformas urgentes em escolas durante audiência na Secretaria da Educação do RS ::

A visita foi solicitada pelo 39º núcleo do Cpers e pela presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, Sofia Cavedon (PT) com a finalidade de cobrar respostas sobre as obras de conserto do telhado, que deveriam ter sido iniciadas na última quinta-feira (20). O anúncio da assinatura do contrato foi feito pelo governador Eduardo Leite (PSDB) durante cerimônia realizada no dia 6 de março, no Instituto Estadual de Educação.

A estrutura está parcialmente interditada desde o temporal registrado em janeiro deste ano, que agravou a já péssima condição do telhado. Desde então, a comunidade escolar intensificou as manifestações por agilidade nas obras, diante do risco para a segurança de alunos e de professores. Outro prédio, em piores condições, está interditado desde setembro de 2023.

No início do mês passado, após uma série de mobilizações da comunidade, a Secretaria Estadual de educação (Seduc) confirmou a assinatura do Contrato de Manutenção Escolar, que também abrangeria outras 57 instituições de ensino de Porto Alegre. A empresa Jireh Serviços, do município de Alvorada, foi a vencedora dessa modalidade.

Segundo a Seduc, no entanto, houve problemas na fase de comprovação dos documentos da empresa selecionada, o que deve atrasar ainda mais o início da reforma. O titular da Subsecretaria de Infraestrutura e Serviços Escolares da Seduc, Luiz Patrick Malater de Oliveira, informou que a empresa já foi notificada a apresentar a documentação necessária. Contudo, ele admitiu que a mesma empresa já foi desclassificada de outras licitações por conta da ausência de comprovação técnica da capacidade de executar algumas demandas.  

“É uma licitação, nós obedecemos a legislação. Existe uma verificação de questões financeiras e legais, como está na lei. A empresa está com um problema na entrega de uma certidão negativa e tem o prazo de entrega até o final desta semana. Ela (a empresa) já foi desclassificada em outros processos, porém em um lote ela conseguiu comprovar que tinha condições financeiras de realizar a obra”, afirmou.  

Ainda de acordo com o subsecretário, uma vistoria feita na semana passada confirmou que não existem riscos para os alunos até que a obra seja concluída.


Visita contou com a presença do subsecretário da Seduc Luiz Patrick (centro), da sindicalista Neiva Lazzarotto (esquerda) e da deputada Sofia Cavedon (direita) / Foto: Christofer Dalla Lana

Sindicato pede ações rápidas

Porém, a diretora-geral do 39º núcleo do Cpers Sindicato, Neiva Lazzarotto, mantém a preocupação com relação ao risco de infiltração na parte elétrica da estrutura, o que poderia ocasionar uma série de outros problemas – inclusive a interrupção das aulas.

Segundo ela, o atraso é mais uma demonstração da incapacidade de gestão da Seduc, que efetuou a contratação de uma empresa sem o porte necessário para lidar com a demanda.

“Não é de hoje que estamos denunciando essa triste situação pela qual passam os alunos e professores da escola e o governo do estado trata esse assunto com negligência. Estamos novamente cobrando que as adequações sejam efetuadas o mais rápido possível, sob pena de termos uma condição insustentável”, destaca a dirigente.

Deputada pede desclassificação de empresa

Ao questionar o representante da Seduc, a presidente da Comissão de Educação da ALRS, Sofia Cavedon (PT), ressaltou a necessidade de a empresa ser urgentemente desclassificada do processo. Ela aponta que já existem elementos suficientes para comprovar a incapacidade de realizar as reformas.

“A empresa que ganhou esta escola e outras 57 ainda não conseguiu se apresentar. Isso é muito sério, ninguém torce para não dar certo, mas a vida das crianças e o trabalho desta escola está muito comprometido por conta da irresponsabilidade do governo estadual ”, afirma.

Prejuízos a alunos e docentes

Cerca de 80 alunos de cinco turmas foram realocados para outras salas de aula para a realização das obras. A diretora da escola, Jane Matos, demonstrou indignação com a informação do novo atraso.

“Como que deram início ao processo de assinatura da ata com uma empresa que não tem condições? Agora, caso se confirme, temos que esperar o processo de novo?”, reclama.


Prédio apresenta muitas infiltrações: situação de uma das salas de aula / Foto: Christofer Dalla Lana

Segundo uma professora que não quis se identificar, a falta de uma estrutura adequada está trazendo uma série de prejuízos, tanto no aprendizado dos alunos quando como na saúde mental e física dos docentes.

“Estamos abalados com esse prédio insalubre e temos problemas de saúde. Eu e mais algumas colegas temos sinusite e asma em função do mofo, fora a poeira e a umidade que é comum todos os dias. É impossível continuar assim, eu estou muito abalada, física e emocionalmente”, desabafa.


Edição: Marcelo Ferreira