Rio Grande do Sul

CALAMIDADE PÚBLICA

RS já registra 57 mortes e 64 desaparecidos em decorrência da crise climática  

Em live realizada na manhã deste sábado (4), governador fez uma atualização sobre situação do Guaíba

Brasil de Fato Porto Alegre |
Os temporais continuarão fortes neste fim de semana e podem agravar as enchentes - Foto: Jorge Leão

De acordo com o último boletim da Defesa Civil divulgada ao meio dia deste sábado (4), o Rio Grande do Sul registra até o momento 57 óbitos, sendo que destes 10 estão em investigação para saber se a causa foi a enchente. O estado registra 67 pessoas desaparecidas e 74 feridas. Além disso, 300 municípios foram afetados e mais de 422 mil pessoas atingidas. 32.640 pessoas estão desalojadas e 9.581 em abrigos. 

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A Defesa Civil orienta que as pessoas se cadastrem para receberem os alertas meteorológicos do órgão. Para isso, é necessário enviar o CEP da localidade por SMS para o número 40199. Em seguida, uma confirmação é enviada, tornando o número disponível para receber as informações sempre que elas forem divulgadas.

Também é possível se cadastrar via aplicativo Whatsapp. Para ter acesso ao serviço, é necessário se registrar pelo telefone (61) 2034-4611 ou clicando aqui. Em seguida, é preciso interagir com o robô de atendimento enviando um simples "Oi". Após a primeira interação, o usuário pode compartilhar sua localização atual ou qualquer outra do seu interesse para, dessa forma, receber as mensagens que serão encaminhadas pela Defesa Civil estadual.

Os temporais continuarão fortes neste fim de semana e podem agravar as enchentes. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), até este domingo (5), são previstas chuvas ainda volumosas, podendo superar os 100 milímetros (mm) por dia, entre o Norte do Rio Grande do Sul e o Sul de Santa Catarina. As rajadas de ventos podem superar os 60 km/h. O instituto prevê também a ocorrência de descargas elétricas (raios) e possível queda de pedras de granizo, no momento das tempestades mais severas.

Alerta para não subir drones

Em nota a Defesa Civil estadual informa que tem recebido notificação de inúmeros drones sendo erguidos por civis para captação de imagens nas zonas de alagamento. De acordo com a entidade a atitude prejudica a segurança de voo das aeronaves que prestam socorro às pessoas em perigo e coloca a operação em risco.

“A Defesa Civil ressalta que é importante que a população evite levantar estes equipamentos nas cidades atingidas pelas enchentes, para que as forças de segurança possam continuar com o trabalho de resgate e socorro”, ressalta.

Situação do Guaíba 

Em live realizada no final da manhã deste sábado, o governador Eduardo Leite (PSDB) mostrou um panorama dos rios do estado com foco na região metropolitana (Caí, Rio dos Sinos, Lago Guaíba). Conforme ressaltou Leite, a cidade de Eldorado vive uma situação dramática, assim como Canoas (bairro Mathias Velho), São Leopoldo. Em Eldorado há famílias precisando de socorro porque não conseguem sair de casa e a Defesa Civil não consegue chegar. 

O governador afirmou que o governo tem focado as equipes de resgate para as localidades que têm risco mais grave. “Sei que as pessoas estão assustadas e têm que estar, a situação é muito crítica, mas a gente não tem meios, como eu falei desde o início da semana, para fazer todos os resgates. A gente atua naquelas localidades em que a água já submergiu as casas e onde as pessoas não têm mais onde se acolher, estar."

:: Depois de golpear o Interior, inundação atinge em cheio a Grande Porto Alegre ::

De acordo com Leite, em Porto Alegre mesmo com o sistema de contenção acaba tendo muito reflexo de alagamentos com maior ou menor dimensão nas margens do Guaíba, que deve se manter, com variações de 2 cm, acima dos 5 m pelos próximos dois ou três dias.

O hidrólogo da Sala de Situação Pedro Camargo pontuo que em razão da grande entrada de água vinda do rio Jacuí, o Guaíba vai seguir na variação entre 4 m e 5 m, na taxa de 2 cm, por cinco a dez dias, com níveis elevados.

“A gente ainda tem um prognóstico ruim que é em comparação com a cheia de 1941, que se manteve por 25 dias acima dos 3 m. Então como essa cheia foi maior a gente tem uma perspectiva de ter esses valores. É uma situação complicada para Porto Alegre e toda região que é banhada pelo Guaíba. Vai ser um cenário bem critico.”

Ainda segundo a equipe do governo, há previsão de chuva para acontecer na região central, Norte e Nordeste do estado nos próximos dias, mas com volume diminuindo cada vez mais, nas próximas 24 a 36 horas. O mau tempo, no entanto, atrapalha operações de resgate.

Segundo Eduardo Leite, 22 helicópteros atuam nos resgates no RS, mas há dificuldade em acessar determinadas localidades. A situação também se agrava pelas inúmeras necessidades de resgate em muitos locais ao mesmo tempo. Forças Armadas, Bombeiros e Brigada Militar atuam nas operações de salvamento.


Escolas fechadas

As aulas estão suspensas em toda rede de ensino estadual, que conta com 2.338 escolas. Quase 200 mil (199.724) estudantes estão impactados pelo fechamento das salas de aula. Até o momento, 603 escolas afetadas, sendo 224 danificadas, 30 servindo de abrigo e as demais com problemas de acesso e outros.

Situação das estradas 

Neste sábado (4), são 128 trechos em 68 rodovias com bloqueios totais ou parciais, entre estradas e pontes, conforme atualização das 9h.

A força da água abriu uma cratera no asfalto da avenida Castelo Branco (BR-290), no sentido Interior-Capital, próximo às pontes do Guaíba. O trânsito de veículos está interrompido completamente no acesso a Porto Alegre pela avenida.

A BR-290 também segue bloqueada nos dois sentidos desde ontem. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) emitiu, nesta sexta-feira (3), alerta para o fechamento das duas pontes sobre o Lago Guaíba e para as principais rodovias federais que dão acesso ao centro de Porto Alegre em decorrência da cheia do Guaíba.

Foram totalmente interditadas as pontes do Guaíba, tanto a nova quanto a móvel sob responsabilidade da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e o entroncamento da BR-116 com a BR-290 (a Freeway), na divisa da Capital com Canoas.

A descida da alça da BR-448/ para a Freeway também está bloqueada. Segundo o Dnit, o objetivo é garantir a segurança dos usuários.

As informações são do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), consolidadas com o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), abrangendo também rodovias concedidas e as administradas pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR).

A Secretaria de Logística e Transportes (Selt) trabalha para desobstruir as rodovias o mais rápido possível, de maneira a garantir o tráfego de veículos e pedestres. 

Veja neste link a situação de cada rodovia atingida.


Edição: Katia Marko