Rio Grande do Sul

CENÁRIO ELEITORAL

Sem união, esquerda não retorna ao poder no RS, dizem cientistas políticos

Com oposição fragmentada em três candidaturas, segundo turno poderá ter enfrentamento entre dois nomes da direita

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Os pré-candidatos ao governo gaúcho Edegar Pretto (PT) e Pedro Ruas (PSOL) caminharam de mãos dadas no final do ato com Lula em Porto Alegre - Foto: Marcelo Ferreira

Somente a união poderá garantir uma possibilidade da esquerda voltar ao poder no Rio Grande do Sul, estado que já governou por duas vezes nos últimos 22 anos. É a opinião de dois cientistas políticos que examinaram o quadro pré-eleitoral, ainda incompleto e sujeito a mudanças. “A esquerda tem poucas chances de eleger governador”, avalia Paulo Peres, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

“Separadas, as candidaturas de esquerda não têm a menor chance nem para o Senado”, considera Benedito Tadeu César, professor aposentado também da UFRGS. Para ele, a aliança ideal também deveria incluir o PDT.

Peres nota que o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) ainda não definiu o seu rumo. Mas, se optar por disputar a reeleição, tenderá a haver uma polarização entre a direita de Ônix Lorenzoni (PL) e a centro direita de Leite. Na pesquisa mais recente (Real Time Big Data, de 27 de maio), os dois aparecem tecnicamente empatados na faixa dos 22% das intenções de voto, enquanto os candidatos de esquerda e centro-esquerda – Edegar Pretto (PT), Pedro Ruas (PSOL) e Beto Albuquerque (PSB) – surgem embolados em terceiro lugar com percentual pouco acima ou abaixo dos 6%.

Ele admite que, com Leite fora do páreo, cresce a possibilidade da esquerda, impulsionada pela campanha nacional de Lula e em eleição fortemente polarizada, chegar ao segundo turno.

O gesto de Pretto e Ruas

Não é sem razão que o ex-presidente Lula, em todas as suas falas na passagem desta semana por Porto Alegre, tanto no ato público de quarta-feira (1º) quanto nas reuniões do dia seguinte, bateu na mesma tecla: é preciso sentar à mesa, discutir e trabalhar pela união e a construção de um só palanque no Rio Grande do Sul para a chapa Lula-Alckmin. Foi o mesmo tom do discurso do presidente estadual do partido, deputado federal Paulo Pimenta, e de outras lideranças petistas.

Lula estipulou prazo de 15 dias para as direções locais dos partidos encontrarem uma solução. Uma sinalização importante foi dada pelos pré-candidatos Pretto e Ruas. Ao final do ato, ambos caminharam juntos, de mãos dadas, até a frente do palco, sendo aplaudidos pelo público. O PSOL marcou presença forte na manifestação com o presidente nacional da legenda, Juliano Medeiros, as deputadas Fernanda Melchiona e Luciana Genro, além de vereadores do partido. O PSB, porém, não compareceu.    

Direita divide liderança no Senado

O drama oposicionista se reproduz na disputa para o Senado. Tadeu César lembra que, também nesta corrida, “a extrema direita divide as lideranças”. Refere-se aos 22% de intenções de voto para o general Hamilton Mourão (Republicanos) e aos 17% de Leite, caso opte pela Câmara Alta. Isto sem contar com as presenças de Ana Amélia Lemos (PSD) e do ex-governador José Ivo Sartori (MDB), ambos com 11%. Aqui, a complicação acontece devido à decisão da ex-deputada Manuela D`Ávila de não concorrer.

“Se não se candidatar à reeleição, Leite será uma força competitiva nesse páreo”, diz Peres, reparando porém que ele terá mais condições de vencer concorrendo ao governo. Para o cientista político, a única hipótese da esquerda ser bem-sucedida “é na eleição para o Senado e se Manuela concorrer”.


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Edição: Marcelo Ferreira