Rio Grande do Sul

Educação

Deputada denuncia desvio de finalidade na reforma do Instituto de Educação  

A denúncia é da deputada estadual Sofia Cavedon, que preside a Frente Parlamentar em Defesa do IE 100% Escola Pública

Brasil de Fato | Porto Alegre |
De acordo com parlamentar, o desejo da comunidade escolar é a volta integral e imediata aos espaços do prédio da Av. Osvaldo Aranha - Foto: Divulgação/Seduc

O governador Eduardo Leite (PSDB) visitou na última quarta-feira (19), as obras do Instituto de Educação General Flores da Cunha, uma das mais antigas escolas da rede estadual. Tal visita gerou denúncia por parte da deputada estadual Sofia Cavedon (PT), que preside a Frente Parlamentar em Defesa do IE 100% Escola Pública.

Conforme pontua a parlamentar, a visita não revelou que o governo quer pagar mais de R$ 21 milhões a uma empresa privada para impor o Museu do Futuro no prédio histórico do Instituto. A denúncia foi encaminhada ao Ministério Público de Contas do RS e aguarda apreciação.  

Segundo a denúncia, no Projeto de Colaboração proposto pelo Executivo não consta o ITG, instituição privada que teria colocado já R$ 200 mil no acordo e segue participando de reuniões na Seduc sobre o IE, inclusive opinando na recontratação do Escritório de Arquitetura 3C.

Além disso, o redesenho do projeto atrasa a obra e “traz perdas pedagógicas e econômicas para a educação estadual, tomando parte importante da escola para outros fins, que podem perfeitamente ser desenvolvidos em outros espaços. Para que se tenha uma ideia, a fim de transformar o IE em Museu, o governador pretende retirar do edifício toda a Educação Infantil, quebrando a integralidade de atendimento do Educandário que atende Curso Normal e seu currículo prevê a prática de ensino”, explica a deputada no documento.

O texto ainda sublinha diversos prejuízos no desvio de função do prédio. A Educação Infantil é histórica nos 153 anos do IE, e é atualmente o nível de ensino em que mais faltam vagas em Porto Alegre. Os alunos do IE estão distribuídos precariamente em quatro espaços, como é o caso do Dinah Neri, que atende nesse ano 243 alunos e, pela proposta da Seduc, passará para 434, mesmo com espaços restritos e sem acessibilidade. O desejo da comunidade escolar é a volta integral e imediata aos espaços do prédio da Av. Osvaldo Aranha.

Em resposta a denuncia feita pela parlamentar, a Secretaria de Educação emitiu a seguinte nota: "Dentro da obra de restauração do Instituto de Educação General Flores da Cunha, está a criação do Museu do Amanhã. Este novo espaço, que visa tornar-se um centro de referência para todos os alunos e professores gaúchos, terá um espaço destinado de 2 mil metros quadrados. Será um ambiente que estimulará a qualificação e a descoberta em um espaço que aproximará as pessoas das novas formas de conhecimento. O projeto tem como propósito a preparação de professores e estudantes para os novos desafios do mundo e estimular habilidades para responder às exigências de inovação e complexidade do século 21.Os detalhes do projeto estão sendo concluídos e a coleta dos elementos técnicos estão em fase de elaboração. A previsão é de que as obras do Museu do Amanhã comecem em 2024".

Aulas devem começar em 2024

De acordo com o Executivo estadual a obra está com 60% dos serviços executados e a perspectiva é de que os alunos iniciem o ano letivo de 2024 já de volta ao prédio histórico, localizado na Avenida Osvaldo Aranha, em Porto Alegre. Atualmente, os estudantes do Instituto de Educação estão distribuídos em quatro escolas estaduais da Capital. 

Do total de recursos destinados para a obra, R$ 15 milhões já foram gastos. O mobiliário também está sendo restaurado.  Com a escola restaurada, serão 17 salas de aula, dois refeitórios (um para a escola básica e outro para a educação infantil), uma quadra coberta, uma quadra descoberta e três laboratórios. Para o retorno das aulas, também está sendo realizada a aquisição de mobiliários e equipamentos.

Dos 12 mil metros quadrados de área total, serão destinados 2 mil metros quadrados para o Museu da Escola do Amanhã. Outros 2 mil metros quadrados serão divididos entre o Centro de Formação e o Centro Gaúcho de Educação Mediada por Tecnologias (Cegemtec). O restante do prédio seguirá recebendo alunos. As obras da área reservada ao museu estão previstas para uma segunda etapa, a partir do ano que vem.


De acordo com o Executivo estadual 60% das obras estão concluídas / Foto: Maurício Tonetto/Secom

Sobre a instituição

O Instituto de Educação General Flores da Cunha tem 1.005 alunos matriculados, sendo 34 na Educação Infantil, 556 no Ensino Fundamental, 371 no Ensino Médio e 44 na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os estudantes poderão retornar aos estudos no local após a conclusão das obras.

Patrimônio cultural do Rio Grande do Sul, o Instituto de Educação é a mais antiga escola de formação de professores do Estado, fundada em 1869. Localizado no Bairro Bom Fim, o Instituto foi tombado em 2006 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae).

Em sua estrutura, destacam-se as telas pintadas a óleo no saguão do pavilhão central e tombadas pelo Iphae, em 2011.  São elas: Chegada dos Açorianos, de Augusto Luiz de Freitas, Roma (1923); Batalha da Azenha, de Augusto Luiz de Freitas (1922); e Expedição à Laguna, de Lucílio de Albuquerque (1916). Todas foram restauradas entre os anos de 2005 e 2009.

* Com informações da Secom RS


Edição: Katia Marko