Rio Grande do Sul

MUNDO DO TRABALHO

Trabalhadores da Estrutural, empresa terceirizada da Refap, encerram greve após seis dias de paralisação

Acordo proposto na semana passada foi aceito após TRT4 declarar 'abusividade no exercício do direito de greve'

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Assembleia com os terceirizados da Estrutural na manhã desta terça-feira (02) - Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

Após seis dias de paralisação e negociações, terceirizados e terceirizadas da Estrutural, empresa que atua nas paradas de manutenção da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas (RS), encerraram a greve na manhã desta terça-feira (2). Em assembleia realizada pela manhã, o acordo proposto na semana passada, a partir da mediação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT4), foi aceito e os trabalhadores retornaram ao trabalho imediatamente.

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Apesar dos avanços nos pontos que reivindicam melhores condições de trabalho, o aspecto econômico ficou aquém do que queriam os trabalhadores. Contudo, no sábado (30), o vice-presidente do TRT4, desembargador Alexandre Correa da Cruz, reconheceu “a abusividade no exercício do direito de greve no movimento deflagrado pela categoria profissional”. As implicações seriam desde a computação de faltas não justificadas com a perda de direitos previstos no Acordo Coletivo de Trabalho vigente, até o desconto do salário referente aos dias não trabalhados, o que motivou o fim da paralisação.

A proposta final mediada pelo TRT4 havia sido rejeitada duas vezes pelos terceirizados e terceirizadas em assembleia na quinta-feira (28) e ontem (1º). Foi feita a oferta 2% de antecipação no reajuste dos salários e o pagamento de R$ 10,00 por dia trabalhado para a primeira alimentação do dia (café da manhã) no mês de abril; 280h de abono para todos os contratos por prazo determinado, observadas as condições estabelecidas no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT); Observância das regras referentes ao espaço confinado; limpeza diária dos banheiros; adequação do número de chuveiros e a inclusão de 15 minutos dentro da jornada de trabalho para o banho.

Após a assembleia dos grevistas debaterem as implicações sobre a abusividade, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita (STIMMMEC) e a Estrutural realizaram sentaram-se novamente e o sindicato conseguiu a permanência dos avanços alcançados no Tribunal. Em relação aos dias de paralisação, as partes acordaram sobre o abono de todos os dias, exceto a parada de segunda-feira (1º), que deverá ter as horas compensadas.

Segundo a assessoria de imprensa do STIMMMEC, a avaliação da direção é que a greve foi vitoriosa, principalmente em avanços nas condições de trabalho. Além disso, o presidente do sindicato, Paulo Chitolina, destaca que este foi o segundo ano de mobilização dos paradeiros, o que reforça a importância de se construir um instrumento coletivo, seja estadual ou nacional, para garantir condições mínimas e iguais para o trabalho nas paradas de manutenção das refinarias em todo o Brasil.

Paralisação em meio à negociação de um Acordo Coletivo Nacional

O sindicato aponta que a greve deflagrada entre o final de janeiro e o início de fevereiro de 2023 na Refap foi o estopim para a abertura de negociações a nível nacional junto à Petrobras. Na ocasião, cerca de 4 mil trabalhadores e trabalhadoras terceirizados que atuavam em uma Parada de Manutenção na refinaria cruzaram os braços por 11 dias.

Sem avanço nas negociações entre os sindicatos de representação e as empresas terceirizadas, foram realizadas duas mediações junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), que acordou entre as partes o fim da paralisação com avanços significativos nos contratos. No entanto, a discussão não se encerrou com o fim da greve.

A proposta de um Acordo Coletivo Nacional foi levantada pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), em conjunto com a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias de Construção e da Madeira (Conticom). O documento, que foi entregue à direção da estatal petrolífera no último dia 4 de março, conta com 14 pontos que reivindicam condições mínimas e iguais para o trabalho nas Paradas de Manutenção em todo o país.

Junto à proposta formalizada durante o encontro, que ocorreu na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, se encaminhou a construção de uma comissão tripartite, composta por quinze membros: cinco representantes da Petrobras, cinco representantes das empresas terceirizadas e cinco representantes dos trabalhadores. Paulo Chitolina, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita que esteve à frente da greve de 2023, já foi anunciado como integrante da comissão para as negociações, que devem ser iniciadas ainda no primeiro semestre de 2024.


Edição: Marcelo Ferreira