Rio Grande do Sul

POR MEMÓRIA

Sobrevivente da ditadura militar, Aldo Arantes será homenageado na abertura da exposição 'Por Verdade, Memória e Justiça'

Abertura da mostra acontece nesta quarta-feira (3), às 19h, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A exposição “Por Verdade, Memória e Justiça", no saguão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, foi proposta pelo vereador Giovani Culau e Mandato Coletivo - Foto: Júlia Urias/CMPA

Nesta quarta-feira (3), às 19h, acontece o ato oficial de abertura da exposição “Por Verdade, Memória e Justiça", no saguão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. A exposição proposta pelo vereador Giovani Culau e Mandato Coletivo iniciou no dia 1º de abril, após resistência da Mesa Diretora da Câmara. O ato de abertura contará com a entrega de homenagens a Aldo Arantes e outros ex-presos políticos e perseguidos da ditadura militar.

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A exposição sobre a ditadura militar marca os 60 anos do golpe e teve seu início marcado pela resistência da Mesa Diretora, que não havia permitido inicialmente que a exposição acontecesse no dia 1º de abril. A mesa pedia que Culau comparecesse à sua reunião no dia 3 de abril para “apresentar o conteúdo”, o que inviabilizaria sua inauguração na data proposta. O posicionamento mudou após o vereador denunciar publicamente junto à imprensa. A exposição acontece desde segunda-feira (1) e deve permanecer aberta ao público até o dia 10 de abril.

O dirigente do Partido Comunista do Brasil Aldo Arantes será homenageado durante o ato oficial de abertura da exposição. Aldo foi deputado federal quatro vezes, secretário estadual do Meio Ambiente e presidente estadual do PCdoB em Goiás. Ele iniciou sua militância no movimento estudantil e foi presidente da UNE em 1961 e 1962, época em que transferiu a sede da entidade para Porto Alegre a fim de ajudar na campanha da Legalidade, ao lado de Brizola.

Perseguido pela Ditadura Militar, viveu na clandestinidade até 1968, quando foi preso político em Alagoas. Foi um dos sobreviventes da Chacina da Lapa, em 1976, um dos episódios mais sanguinários dos tempos de chumbo, quando o exército invadiu uma reunião clandestina e assassinou e prendeu líderes do PCdoB. Na redemocratização, Aldo foi deputado constituinte.

Além de Aldo Arantes, serão homenageados pelo Mandato Coletivo Raul Carrion, José Loguércio, Antônia Mara Vieira Loguercio, Carmen Lopes, Jussara Cony, Sérgio Bittencourt e a Associação de Ex-Presos e Perseguidos Políticos do RS.

Sobre a exposição

A exposição “Memória, Verdade e Justiça” foi planejada junto ao projeto "Trajetos de Memória - Caminhos da Ditadura em Porto Alegre", de iniciativa de estudantes de graduação de História da Ufrgs. Ela consiste em uma sequência de fotos de locais como o Dopinho, a Esquina Democrática e a Praça Argentina, acompanhado de textos que abordam as violações dos direitos humanos durante o regime militar em locais específicos da cidade, assim como os locais onde atuavam os grupos de oposição à ditadura.

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O projeto Caminhos da Ditadura em Porto Alegre foi criado em 2016, como um mapa digital. Em 2021, o projeto expandiu-se para uma proposta de trajeto de memória na cidade de Porto Alegre. Percebendo a cidade como um museu à céu aberto, reuniu-se um grupo de trabalho interdisciplinar que elaborou e aplicou o trajeto de memória para mais de 300 pessoas. Em 2024, o Caminhos segue com saídas mediadas uma vez por mês.

A exposição estará no saguão da Casa até a próxima quarta-feira, dia 10 de abril. A visitação é gratuita.

* As informações são da Assessoria de imprensa do vereador Giovani Culau e Mandato Coletivo. 


Edição: Katia Marko