Rio Grande do Sul

MEMÓRIA

Movimentos sociais gaúchos lembram os 60 anos do golpe militar de 1964

Estão previstos atos públicos na capital gaúcha nos dias 23 de março e 4 de abril e uma série de outras atividades

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Celebrações sobre a memória do golpe de 1964 foram definidas em reunião na Assembleia Legislativa do RS - Foto: Walmaro Paz

A Associação de Ex-Perseguidos e Presos Políticos do Rio Grande do Sul (AEPPP-RS) e o Movimento de Justiça e Direito Humanos (MJDH) reuniram, na noite de quinta-feira (14) cerca de 70 entidades entre partidos políticos, movimentos sociais populares e estudantis, na sala Adão Preto da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul para construirem as atividades que lembrarão o golpe militar de 1964.

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No próximo dia 23 de março, cidades de todo o Brasil organizarão atos que integram uma agenda nacional de mobilizações. Com o objetivo de resgatar a memória e deixar marcado o grito de "ditadura nunca mais!", as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo reúnem sua militância e convocam todos e todas que apoiam a democracia brasileira para se somarem às ações nas ruas.

Em Porto Alegre o ato será às 15h, na Esquina Democrática. Além da defesa da democracia e do golpe e ditadura nunca mais, estará em pauta a cobrança pela não anistia para os golpistas do 8 de janeiro e a luta contra o genocídio na Palestina.

Primeira vítima da ditadura

Além desta e outras inúmeras atividades elencadas pelos participantes, ficou definido um ato público no dia 4 de abril para lembrar a memória do tenente-coronel da Aeronáutica Alfeu de Alcântara Monteiro. Comandante da Base Aérea de Canoas (RS), ele foi a primeira vítima fatal do golpe, metralhado nesta data, há 60 anos.

Ele foi morto a tiros por outros militares, dentro de seu próprio gabinete, por recusar-se a apoiar o golpe militar que derrubara o então presidente da República João Goulart em 31 de março. Há uma versão, adotada pelo livro "Tortura Nunca Mais", de que ele foi morto com 16 tiros de metralhadora, pelas costas. A versão defendida por ex-militares que apoiaram a ditadura é de que ele foi morto com um único tiro, após ter ferido com dois tiros o major-brigadeiro que fora à base assumir seu comando, em nome dos golpistas.

Memória resgatada

Este ano, os movimento sociais do Rio Grande do Sul já realizaram quatro atividades: um ato na Câmara Municipal de Porto Alegre pela passagem dos 50 anos da morte de Cilon Cunha Brum, executado pelo Exército Brasileiro no Araguaia; outro ato em homenagem a João Goulart, presidente deposto pelo golpe militar de 1964, na data de seu aniversário em 1º de março; outra homenagem a Cilon Cunha Brum na data em que comemoraria seus 78 anos, em 3 de março; e várias atividades na cidade de São Sepé, cidade onde nasceu Cilon Cunha Brum pela sua luta, seu desaparecimento e pela devolução de seus restos mortais à família.

Ficaram definidas ainda as datas para outras 12 atividades e a criação de uma comissão que irá definir e divulgá-las. Entre elas estão mostras de cinema e uma celebração, no dia 25 de abril, em comemoração aos 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal.

Durante o mês de maio, haverá exposição, debates, filmes sobre os 60 anos do golpe militar. As atividades promovem resgate da memória, especialmente sobre a luta dos professores e estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), numa promoção dos alunos do curso de museologia da Ufrgs.


Edição: Marcelo Ferreira